domingo, 8 de dezembro de 2013

Cibercultura, por Lévy

Lévy numa das suas obras, Cibercultura, dá-nos uma perspetiva interessante sobre a sociedade atual, uma sociedade que mudou com a inovação e com as novas tecnologias que vieram criar espaços e formas novas de comunicação, de relação e de aprendizagem. Analisa as implicações culturais do desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação. Enfatiza a atitude geral perante o progresso das novas tecnologias, a virtualização da informação e a mudança global.

O autor analisa este processo à luz de dois grandes conceitos o de ciberespaço que remete para rede, ou seja, o meio de comunicação que surge da “interconexão mundial dos computadores”(Lévy, 2000,p.16) e o conceito de cibercultura que diz respeito às práticas, atitudes, modos de pensamento que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.

Recorrendo a metáforas biblícas o autor compara o dilúvio informacional, característico das sociedades atuais,  com o dilúvio bíblico e lança as questões “o que colocar na arca? Como ensinar as pessoas a nadar? Neste caso o que interessa aqui preservar e como ensinar as pessoas a navegar?

“Uma das hipóteses deste livro  é a de que a cibercultura expressa o surgimento de um novo universal diferente das formas culturais que vieram antes dele no sentido que ele se constrói sobre a indeterminação de um sentido global qualquer. “ (Lévy, 2000, p. 15)

É levantada a hipótese de que a cibercultura leva as mensagens ao seu contexto tal como acontecia nas sociedades orais e por oposição ao que aconteceu com o surgimento da escrita, onde os textos se separaram do contexto em que eram produzidos. A mensagem, na perspetiva do autor constrói-se e entende-se na interconexão das mensagens, através das comunidades virtuais que lhe dão sentidos variados e uma renovação permanente.

Ao meio (ciberespaço), às práticas e processos (cibercultura) o autor junto um terceiro conceito que aponta para o resultado, a inteligência coletiva, que é dinâmico e faz, através da sinergia de competências, recursos e projetos, mover a cibercultura. Lévy entende a inteligência coletiva com o motor da Cibercultura. Contudo, “o crescimento do ciberespaço não determina automaticamente o desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas fornece a esta inteligência coletiva um ambiente” (Lévy, 2000, p. 29).

Lévy considera as que as “ tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura”( (Lévy, 2000, p. 22) e que estas não são nem boas nem más, no fundo serão aquilo que a sociedade fizer delas. Contrariamente ao que se possa pensar a tecnologia não é, como refer o autor através de outra metáfora, um míssil pronto a atacar o alvo: cultura e sociedade. A tecnologia é criada para e pelo Homem, para responder às suas necessidades, a que não significa que decorrente disso não advenham outras necessidades.

Na primeira parte do livro aqui em análise o autor analisa o impacto cultural e social de todas as novas tecnologias, recorrendo a vário conceitos: digitalização da informação, hipertexto e hipermídias, simulações, realidades virtuais, redes interativas e internet. Aqui são apresentados exemplos de cibercultura, ou seja ciberespaços onde a inteligência coletiva poderá ser promovida.


O correio eletrónico que permite o envio de mensagens de um para muitos, as conferências que permitem a partilha em grupo em tempo real e os sistemas de arquivo e transferência de ficheiros são três exemplos de cibercultura para o autor.  Atualmente os ciberespaços multiplicam-se diariamente, desafiando a inteligência coletiva proposta pela cibercultura, sendo esta a melhor forma para o autor de responder ao ritmo destabilizante da mutação técnica. 

Lévy, P. (2000) Cibercultura. Lisboa: Piaget.

Sem comentários:

Enviar um comentário